Eu era uma
criança de olhos distantes. Sempre ingênua demais. Todos os sonhos de vidro e
baunilha eu tinha. Distraída demais com meus amigos imaginários para perceber
que não tinha amigos, e nunca entendi por que não gostavam de mim. Tentava
ignorar e continuar sonhando com um balanço enfeitado com flores silvestres, um
príncipe de branco, um castelo e algodão-doce para o jantar.
Mas um dia
percebi que isso não tornava as coisas mais fáceis. Aos poucos minha pureza
branca e rosa deu lugar a cores vorazes da convivência em grupo. Conheci o
temor, a raiva, decepção. Tive que crescer e a carapaça que eu não tinha antes
devido a preservação do meu estado límpido de nascença foi engrossando e
tornando-se em couro furta-cor.
Assim fica mais
fácil de se proteger, e ainda minhas cores tornam-me diferente na multidão, sinalizando a quem interessar que eu não sou como os outros.
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