sábado, 25 de agosto de 2012

Acinturando ideias, descolorindo dores.


Estou pondo em prática um desejo há tempos ardente em mim. As mudanças estão acontecendo, lenta, mas perceptivelmente. Ganhei alguns quilos, perdi algumas madeixas, mudei de estilo, acinturei as idéias e descolori a dor. Com as novas cordas para o antigo violão pretendo enforcar sofrimentos inúteis e embalar festas e sorrisos. Comer melhor e encarar minhas gorduras e dizer “tudo bem , eu aceito vocês” e utilizar os meus “defeitos” a meu favor.
Ouvindo as músicas que eu quero ouvir, não mais as que me perseguiam. Mas aqui não quero nenhuma relação com o passado, nem comparativa, então deixemos isso de lado. Vamos as minhas conclusões: Se posso ouvir de Cartola à Interpol, passando por Mutantes, Florence and the Machine, Ella Fitzgerald e Nirvana, por que não fazê-lo? Se eu posso pintar meus lábios, vamos brincar de colorir! Mudar o cabelo até achar o corte que me deixa mais feliz.  Experimentar todos os doces da loja e ainda ir pra cozinha criar novos sabores.
Quero olhar tudo de todos os ângulos possíveis, tomar minhas conclusões e só externar o que eu quiser pôr para fora, criando compromissos principalmente com mim mesma.  Testar todos os estilos, fazer o que eu quiser. Assim moldar o futuro eu. Mas isso é feito com o tempo, agora quero é balançar ao som da mudança, com sopros de vida nova.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Luto e ano novo

     Logo depois do acontecido, eu dei uma geral na casa. Enquanto as lágrimas ainda estavam úmidas eu passei o braço nas prateleiras derrubando quase tudo dentro de um saco preto (comemorando o luto). Na minha cabeça o teria um trabalho enorme.. eram tantas coisas que você havia deixado pra trás. Parecia que você estava incrustado nas paredes e objetos, me obrigando a detetizar a casa toda. Afinal de contas, eram muitas lembranças.
     Acabou que menos de um saco grande foi o suficiente. Aquilo me sobressaltou, sempre achei que você tivesse me presenteando mais. Talvez fosse só enganação..agora que meus olhos se encontram secos eu enxergo bem que na verdade a maior parte da nossa realidade eram promessas para o futuro, poucas atitudes (esse sempre foi o seu problema). 
     Eu sentia que guardava as lembranças numa caixa embaixo da minha cama, um lugar que era acessível demais, perto demais, muito "esbarrável". Na verdade está tudo no saco no sótão , no terceiro andar, junto com coisas velhas. E o que percebi é que plástico não segura a lembrança. É como guardar comida recém cozida: você não vê mas o cheiro ainda está lá. Eu sentia tua presença.. mas, assim como o cheiro, aos poucos ela desaparece. 
     E o que eu sempre achei algo tão mundado, agora mostra-se como uma boa escolha minha. Guardar a comida me fez ter fome de outras coisas.. e o cheiro já está a se esvair.
Ao ir ao sótão hoje, vi o saco.. mas não senti mais luto.. agora o preto parecia mais um luxo de ano novo... um agradável bilhete de recomeço, um incentivo. Para agora sorrir os olhos.